terça-feira, fevereiro 12, 2008


De volta à atividade


Olá, leitores!
Recentemente decidi dar um pouco de uso a uma de minhas câmeras que andou posta de lado por um tempo. Estou me referindo à minha Praktina FX, jóia alemã fabricada nos anos 50 que ganhei de presente de um grande amigo. Além da câmera propriamennte dita, o conjunto que veio com ela inclui uma teleobjetiva curta, de 135mm da Carl Zeiss Jena, a Triotar, e um fole de extensão. Este último acessório era uma novidade para mim. Embora já tivesse ouvido falar dele, nunca havia usado um. Ele é um acessório usado para macrofotografia, onde é possível focalizar a distâncias muito reduzidas. Ele se assemelha a uma sanfona, e a objetiva é acoplada em sua parte posterior. O conjunto fica pesado, mas os resultados são muito interessantes.De posse desta parafernália, decidi tirar umas fotos de flores usando o acessório, já que a aproximação do foco que ele permite é muito superior às minhas lentes comuns. Só havia um problema: como toda foto macro, a profundidade de campo é muito reduzida, e é necessário apelar para aberturas do diafragma bastante pequenas, para assegurar que boa parte do assunto fique corretamente focalizado.Bom, isto parece relativamente fácil quando se trata de uma foto em estúdio, onde a iluminação e o assunto são controláveis. Agora, quando se trata de fotos de natureza, a coisa assume outros ares: como você vai fotografar com luz natural, para poder manter a maior profundidade de campo possível é necessário usar uma abertura do diafragma pequena. Isto significa velocidades mais baixas do obturador. E se você está disposto a fotografar flores ao natural, pode ser complicado, pois qualquer ventinho pode deixar sua foto um desastre, toda borrada. Para amenizar o problema, escolhi um dia daqueles nublado-claros, tipo mormaço, para que conseguisse uma boa luminosidade sem ter aquelas sombras duras horrorosas típicas de dias ensolarados. Esta decisão foi providencial para conseguir um resultado mais satisfatório.Um outro detalhe que poderia me atravancar na hora de fotografar era a ausência de um fotômetro. Como esta câmera é muito antiga, fotômetros embutidos não eram comuns - ou não existiam, então tive que levar uma câmera reserva, com fotômetro calibrado, para fazer a leitura da luz. Quando usamos um fole de extensão, há uma perda da quantidade de luz que entra pela lente, dada a distância que a mesma toma do plano focal. Sem ter a menor noção de como compensar esta perda, decidi que faria uma compensação de apenas um ponto de exposição e confiaria na latitude de exposição do negativo. Não é que deu certo? :)Como toda experiência fotográfica, várias exposições são necessárias para que você consiga um bom resultado. No caso da foto de hoje, devo admitir que dei sorte: fiz apenas uma exposição para ela. O foco, no entanto, não foi tão feliz por conta da resumida profundidade de campo, mas ainda assim gostei do conjunto da imagem. O fundo ficou bastante difuso em virtude da focalização próxima, e as cores se destacaram. Da próxima vez, acho que consigo acertar mais ainda. É torcer e experimentar.

segunda-feira, janeiro 28, 2008


Visita ao paraíso


Bom dia, amigos!
Estou aproveitando meus últimos dias de férias para atualizar meu blog com mais freqüência, e, por tabela, fotografar. Na semana passada visitei o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um verdadeiro espetáculo da natureza na meio da selva urbana. É impressionante como você fica imerso em outro mundo, mesmo estando a alguns metros do caos da cidade. O silêncio, o verde e o cheiro de natureza são elementos que embriagam as mais urbanóides das criaturas.


Bom, esta não foi a primeira vez que fui a este santuário para fotografar. Já havia estado lá há dois anos mais ou menos, mas fui com menos recursos. Desta vez, pude ir um pouco mais equipado, para tentar extrair um pouco mais das belezas do local. Ainda não consegui fazer tudo que queria, mas confesso que só estar lá já vale a "viagem". Tendo aumentado a minha gama de possibilidades com duas lentes extras, um tripé e o filtro polarizador, parti para o Rio com toda esta parafernália. Pesa bastante, mas compensa. Fotógrafo é assim mesmo; se quer ter o melhor resultado, tem que suar.


Na vez anterior que visitei o Jardim Botânico, topei com um problema que para os menos experientes seria um ponto positivo: excesso de luz solar. Quando daquela vez, o céu estava aberto, e o sol brilhava intensamente. Isto é suficiente para criar contrastes muito fortes, dificultando a leitura correta da luz. Resultado: áreas de sombra muito escuras e altas luzes quase que estouradas, sem detalhes. Desta última vez, escolhi um dia nublado, para que as nuvens servissem de difusoras da luz solar. O resultado é uma luz muito mais uniforme, com menos contraste e que produz sombras muito mais suaves. Juntando-se a isto, o polarizador ajudou - e muito - a reduzir os reflexos da luz nas superfícies, sobretudo das folhas, trazendo a saturação de suas cores à tona. Enfim, tudo parecia estar a meu favor.Das milhares de possibilidades fotográficas do lugar, uma que muito me chamou a atenção foram os lírios dos pequenos lagos que você pode encontrar aos montes. Estas flores têm uma cor viva, que contrasta bastante com os verdes e marrons do resto da cena. Nesta última incursão, munido da minha Zenit 12XP e equipado com uma teleobjetiva curta de 135mm, consegui captar mais detalhes destas belas flores por conseguir uma imagem mais ampliada do assunto. Embora a lente não fosse capaz de me dar o resultado 100% como queria, a ampliação por ela gerada foi suficiente para me satisfazer. Para atingir os 100% que desejava, minha lente teria que cobrir uma distância focal maior, do tipo 200mm ou mais, e, de preferência, ser macro. Mas aí também já estou querendo muito!


Das várias fotos que tirei, esta foi uma que gostei bastante, muito pelo contraste das cores de do padrão constituído pelas folhas redondas no lago. Para conseguir esta imagem, abaixei-me quase ao nível do lago, e usei uma abertura do diafragma grande o suficiente para manter o fundo levemente desfocado, sem sacrificar muito a nitidez da imagem. Por incrível que pareça, meu maior inimigo durante a sessão de fotos foram os malditos mosquitos. Nem fome, nem sede, nem calor. Somente as porcarias dos mosquitos.


A expedição pelo Jardim Botânico rendeu bons frutos de fato, e serviu para reiterar meu gosto pela fotografia de natureza. Os elementos de um cenário fantástico como o Jardim Botânico não precisam ser pagos, não reclamam de fazer pose e estão sempre dispostos a ser fotografados. Quando conseguir os últimos apetrechos para meu equipamento ficar completo para este tipo de fotografia, fiquem ligados; logo logo um outro álbum aparecerá, com mais detalhes ainda. Um abraço e voltem sempre.

terça-feira, janeiro 22, 2008


Soluções e mais soluções


Hoje volto ao blog para postar uma experiência que fiz com uma geringonça que fiz em casa para suavizar a luz do flash. A fotografia com flash, quando bem-feita, produz imagens de excelente qualidade, com luz suave, que não agride o assunto fotografado. Por outro lado, quando feita com o flash que vem embutido na sua câmera - principalmente se esta se tratar de uma câmera compacta - o resultado geralmente é sofrível. Quem nunca viu uma daquelas clássicas fotos de aniversário na qual as pessoas retratadas ficam brancas como fantasmas, contra um fundo negro, subexposto? Pois é, este efeito extremamente desagradável por muito tempo me fez ter um terrível asco por fotografias feitas com flash.Contudo, fotógrafos experientes - e curiosos também - conspiraram por algum tempo para conseguir chegar a uma solução para este mal, afinal de contas, fotografar em condições de luz precária era necessário em alguns casos, e a luz auxiliar do flash geralmente estragava a foto, ao invés de melhorá-la. Um cara chamado Gary Fong teve uma idéia interessante, ainda que óbvia ao ponto de várias pessoas se perguntarem "caraca... como nunca pensei nisto antes?". Ele criou, com materiais baratos e encontráveis em qualquer loja de materiais plásticos em geral, uma esfera translúcida que, acoplada ao topo do flash, difundia a luz deste, evitando aquele efeito terrível que descrevi no início do texto. Esta idéia tomou ares de salvação da lavoura para milhares de fotógrafos que dependiam do flash para realizar seu trabalho, como fotógrafos de casamento e afins, só que a um preço salgado demais para o que era. Qual a solução para este novo problema? FAÇA VOCÊ MESMO!!!Decidi tomar este passo para ter o meu próprio "lightsphere" (como Fong o batizou) a preço de banana. Peguei um destes potes de doce de leite comprado a varejo no supermercado, abri seu fundo e acoplei a tampa do porta-cebola que tinha na cozinha no topo do pote, para ajudar na difusão. Prendi toda esta parafernália no topo do flash e comecei a fotografar. Para minha surpresa, a engenhoca funcionou, ainda que valores de abertura e distância não tenham sido registrados, para fins de referência. A foto de hoje foi feita com minha esfera de luz Tabajara, aproveitando as cerejas que foram compradas para as festas de fim-de-ano. O fundo usado foi uma contracapa de apostila, daquelas de plástico. A luz do flash, além de difundida pela esfera, foi rebatida por uma superfície branca logo acima dele - na verdade, a prateleira da cozinha. Alguns ajustes de contraste e saturação no Photoshop, e cá está o resultado. A câmera usada foi a minha Zenit 12XP, equipada com a lente Helios 44M-4 58mm 1:2 e carregada com um rolo de Kodak Ultramax 400. Para firmeza, tripé e cabo disparador. Portanto, toda vez que vir alguma coisa que parece muito simples - mas que salva o dia, tente fazer você mesmo. No meu caso funcionou. Quem sabe você não tenha a mesma sorte?