quinta-feira, novembro 22, 2007



Olá, amigos leitores!


Depois de um longo jejum, volto com um novo post aqui no blog. Desculpem-me pela longa ausência, mas ando muito ocupado, e até minha atividade fotográfica andou meio posta de lado. Portanto, não se preocupem se eu sumir por algum tempo; uma hora eu volto.

A foto que posto hoje foi uma tentativa despretensiosa que me rendeu bons frutos. Minha Zenit estava carregada com um rolo do Fuji Superia Reala, um negativo fantástico em todos os sentidos, e eu queria muito fazer uma foto de exposição longa com ele. Quem já conhece minhas odisséias fotográficas sabe que eu topo com várias dificuldades técnicas para compor minhas obras - pouco tempo para fotografar, dificuldade para me deslocar para novas locações e principalmente, meu ridículo tripé - mas as adversidades não são mais fortes do que minha vontade de produzir.

Então, lá fui eu para a praia de Icaraí tentar alguma foto diferente das que já fiz, pelo menos em alguns quesitos. Já passava das 18h, então o sol já havia se posto, mas ainda havia uma fraca luz no céu, com algumas cores interessantes. Geralmente eu evito fazer fotos de exposição longa com o céu totalmente enegrecido, pois acho-as meio enfadonhas, sem sal. Aquela luzinha fraca deu um tom interessante à minha composição, então decidi que aquele era o momento de captar aquela atmosfera. Para conseguir uma perspectiva mais "apertada", vi que o que deveria fazer seria usar minha teleobjetiva de 135mm, a ISCO-GÖTTINGEN Berolina Westromat, para produzir tal efeito. Contudo, um empecilho me azucrinava: o peso final da combinação câmera + lente era extremo, algo em torno de 1400g, o que fez meu tripé de alguns míseros centímetros suar frio. Pus o equipamento sobre a calçada da praia, tendo uma noção do que a lente iria captar naquela posição, pois não podia ver pelo visor da câmera, devido à sua posição tão rente ao chão. Segurei a borboleta que aperta o pino de encaixe do tripé, prendi a respiração e apertei o cabo disparador. Fiquei algo em torno de 30 segundos assim, inerte, para conseguir o máximo de estabilidade durante a exposição, e, por sorte ou não, funcionou. Ao mandar revelar o rolo, fiquei encantado com o resultado: a combinação das luzes naturais do céu e as artificiais que iluminam a praia no fim-de-tarde deram um efeito colorido incrível, e como a exposição foi longa, o mar ficou com aquele aspecto de névoa que confere uma atmosfera mágica à foto. Resultado: ao postá-la no Flickr, ela foi parar no Explore, o que achei muito encorajador, uma vez que entre as milhares de fotos postadas todos os dias no site, 500 imagens "crème de la crème" são selecionadas para figurar no Explore, e esta minha foto ficou em oitavo lugar na semana. Legal, né?

Portanto, esta experiência me serviu de incentivo de luta contra as adversidades. As coisas podem parecer difíceis de ser alcançadas, mas nunca impossíveis. Tripé tosco, falta de posição, impossibilidade de ver através do visor... nada disso me impediu de tentar. E o resultado é este aí. Espero que gostem.

quarta-feira, maio 09, 2007


EXPERIMENTANDO NOVAS TÉCNICAS


Boa (chuvosa) tarde, leitores!

Após um período de jejum, hoje volto ao meu blog para postar o resultado de uma nova experiência fotográfica que aprendi, o HDR. HDR vem do inglês High Dynamic Range, algo como "alto alcance dinâmico". E o que seria isso?

Quando tiramos uma fotografia em situações de contraste alto - como um pôr do sol, por exemplo, a tendência é o fotômetro da máquina "ler" a cena em razão das luzes altas, regulando a câmera para captar detalhes nessa área de maior quantidade de luz. Quando isso acontece, as áreas onde a luz é menos intensa ficam um breu quase total, pois o alcance cromático do filme/sensor é limitado, não conseguindo captar detalhes nas áreas de sombra, mostrando-as na foto apenas como silhuetas. Resumindo: consegue-se captar os tons e detalhes do céu, mas o resto torna-se bastante escuro, sem detalhes. Uma das maneiras de corrigir esse problema é fazer a compensação da exposição, neste caso, expor o filme/sensor à luz por mais tempo do que o fotômetro recomenda, para reter detalhes nas sombras também. Mas o que isto custaria? Simples: os detalhes do céu se esvairiam. As áreas de sombra agora teriam bastante detalhes, mas o céu ficaria uma coisa branca, sem vida. Parece problemático, não?

Muitas vezes a intenção é exatamente criar silhuetas e mostrar as cores, para criar um clima "romântico" na foto. Mas se você quer reter tanto as cores quanto os detalhes, o HDR é a solução. Mas como funciona essa joça? De forma relativamente simples.

Para obter uma foto com o alcance dinâmico alto, você deve fazer várias fotos do mesmo assunto, na mesma posição, com valores de exposição diferentes. Desta forma, é possível fazer fotos expostas para reter tanto as cores quanto os detalhes. O ideal é realizar este processo com o auxílio de um tripé, para que as fotos tenham exatamente a mesma posição. Variando os valores de exposição (EVs) para mais e para menos em relação ao valor original determinado pelo fotômetro, consegue-se, nas exposições mais escuras, reter as cores, e nas exposições mais claras, os detalhes nas áreas de sombra. A foto que mostro hoje aqui foi confeccionada a partir de 5 fotos diferentes feitas no mesmo horário, com EVs diferentes. Usei um programinha chamado Photomatix para fundir as cinco fotos em uma só é... voilà! Lá está a Pedra de Itapuca, mostrando todos os detalhes da sua textura pétrea, sem destruir os detalhes e lindas cores que o céu exibia naquela tarde. Bendita invenção esse HDR!

sexta-feira, abril 13, 2007


O VELHO E O NOVO

Boa tarde, amigos leitores!
Embora tenha começado minha incursão pela fotografia há pouco mais de dois anos, ainda não tive uma das experiências mais intensas desta arte, que é revelar meu próprio filme. Antes de continuar o texto, é necessário explicar que revelar o filme não é o que você faz naquela lojinha do shopping para ver suas fotos. O que acontece lá são dois processos: o de revelação e o de ampliação. Revelar um filme é o ato de fazer a imagem latente do negativo aparecer, e não passar a imagem para o papel. Essa segunda etapa é o que chamamos de ampliação. Portanto, quando falo em revelar o meu filme, refiro-me a este processo, não àquele.Outro detalhe importante é que o processo é mais fácil quando se trata da revelação de uma película em P&B. A revelação de negativos coloridos é mais laboriosa, sendo posta de lado, para quando você já tiver experiência suficiente em P&B. Muitos fotógrafos até dizem que não vale à pena revelar seu filme colorido em casa, pois sai mais caro do que em um minilab. O contrário pode ser dito do P&B, pois o processo é sempre todo manual, e não automatizado, como no caso dos negativos coloridos. Esse trabalho artesanal acaba saindo mais caro se não for feito por você mesmo. Encontrei, por enquanto, duas saídas: uma é usar o filme BW400CN da Kodak, que pode ser revelado em minilabs comuns em papel para fotos coloridas, pelo processo automatizado, gastando o mesmo dinheiro que na revelação de um negativo colorido. Entretanto, isso tem um preço: o papel colorido não tem a vasta gama de tons de cinza que o papel para fotos em P&B tem, e o filme propriamente dito foi designado para fotografia social, ou seja, seus tons de cinza não apresentam o contraste elevado que os filmes P&B "reais" têm. A outra saída consiste em converter uma foto colorida para P&B através do Photoshop, onde é possível emular a gama de cinzas do filme, embora isso dê tanto trabalho quanto revelá-lo. E essa foi a opção que fiz para a foto de hoje.

Vocês já viram milhares de fotos do MAC, não há novidade nisso, mas nessa foto tentei fazer uma abordagem diferente, pois convertê-la em uma foto P&B traz um ar de nostalgia, de foto antiga, quando na verdade o que está retratado nela é uma maravilha da arquitetura moderna. A linguagem da fotografia nos permite mostrar o inusitado sem palavras, apenas com a imagem; dessa forma, a relação paradoxal da antiguidade/modernidade é transmitida em uma leitura visual que não nascera intencionalmente, mas da experimentação.Agora, cá pra nós, dá um certo trabalho converter uma imagem colorida em uma P&B que pareça foto P&B "real". À primeira vista, muitos podem achar que é só reduzir a saturação de cores a zero e pronto: lá está sua imagem em P&B, linda. Ledo engano. Ao fazer isso, você apenas transforma sua foto colorida em uma insossa foto sem cores. Fotos reais em P&B muitas vezes - ou praticamente sempre - se beneficiam de filtros coloridos, para fazer aquela cor do filtro se destacar das outras na cena. Uma foto de árvores, por exemplo, fica muito mais interessante quando feita com um filtro verde, pois este filtra esta cor, criando diferenças nos tons de cinza, como há diferenças nos tons de verde na cena real. Sem o filtro, todas as árvores pareceriam ter os mesmos tons. Quando você tira a saturação da imagem colorida, a foto se comporta como uma P&B tirada sem filtro nenhum. Na verdade um pouco pior, pois os contrastes do filme P&B são mais ricos. Por isso o uso do Photoshop ajuda muito a melhorar esse quadro, pois é possível misturar canais de cores em uma imagem monocromática, criando um efeito parecido com o que os filtros proporcionam. E foi isso que fiz para conseguir a imagem de hoje.

Nessa foto do MAC eu usei um polarizador, que escurece o céu e cria um contraste maior entre o azul dele e as nuvens, clareando-as. Em foto P&B, é muito comum não só o uso do polarizador, mas como também o do filtro vermelho, que escurece sua cor complementar, o azul. Um polarizador conjugado com um filtro vermelho pode escurecer o céu ao ponto de ele ficar totalmente negro. Esse efeito pode ser muito útil para criar dramaticidade, inclusive transformar um belo céu azul com nuvens branquinhas em um céu tempestuoso, de nuvens contrastantes. Tentei emular esse efeito de dramaticidade convrtendo a imagem original colorida usando o misturador de canais do Photoshop, que imita bem o uso do filtro vermelho. O resultado ficou parecido, embora dizem ser possível ficar igual ao da película; entretanto, isso exige um nível de conhecimento de Photoshop muuuuuuito maior do que meus parcos passos. Mas eu gostei do que saiu.

Vocês não perdem por esperar meus primeiros resultados com filme P&B de verdade. Prometo não decepcionar, rsrrsrs!

domingo, abril 08, 2007



TIRANDO PROVEITO DO ACASO



Olá, amigos!

Você já acordou algum dia com a sensação de que sua criatividade foi para a cucuia? Mesmo que você tenha ocasionalmente surtos de originalidade, sempre há um dia em que você não consegue tirar proveito de suas idéias, e, acredite, isso acontece em todos os campos. E como eu não sou diferente de qualquer outra pessoa, isso de vez em quando acontece comigo.

Um dia desses estava num mood de tirar umas fotos, mas não sabia de quê. Decidi ir à praia para aproveitar a luz colorida do pôr-do-sol para tentar algumas composições, mas eu confesso que andava meio de saco cheio de tirar fotos da praia de Icaraí... por mais belo que o pôr-do-sol de lá seja. Então eu senti na veia essa falta de criatividade. O que fazer de diferente que ainda pudesse parecer interessante? Inventar imbecilidades para parecer original nunca foi minha opção, então vi que tinha que tirar uma situação diferente do ordinário. Mas a inspiração ainda não havia batido.

Passeando pelo calçadão com a câmera em punho, deparei-me com um bando(?) de pombos descansando sobre uma trave na areia da praia. Na direção que eu seguia, não via nada demais, era apenas um bando(?) de pombos em cima de uma trave - inclusive os pobres animais são alvo de abjeção por parte dos moradores e freqüentadores da praia, por representar sujeira e transmissão de zoonoses, mas ao parar em frente à tal trave e observá-los como alegres pássaros que se reuniam como familiares num final de semana, vi que esse get together poderia dar uma boa foto. Posicionei-me de modo que eles aparecessem como silhuetas no visor da câmera, e cliquei-os, em sua agitada reunião. Confesso que gostei do resultado, mas não imaginava que ele fosse desbancar a popularidade da foto do post aterior. Surpresa minha. E um tantinho de orgulho também, rsrsr... afinal de contas foi uma foto que saiu de um dia bagaceira em termos de criatividade. Sorte minha ter tentado olhar em volta, para tentar concentrar a atenção em algo que geralmente passava batido. E ponto para os pombos, pois tiveram seu dia de modelos! :)

quinta-feira, março 22, 2007


TRABALHANDO COM AS LIMITAÇÕES


Olá, amigos leitores! Depois de algum tempo sem postar, volto com uma flor para me redimir! :)

Quando vi a rosa que está na foto de hoje, senti uma irresistível vontade de fotografá-la, pois ela estava linda, viçosa e aberta, um verdadeiro convite para uma fotografia. Mas havia um pequeno problema: ela estava em um copo, na sala de estar da minha sogra... e agora? Como não estragar a beleza de uma flor com uma foto insignificante?

A primeira providência que tomei foi arranjar um lugar onde pudesse ter uma fonte de luz razoável - afinal de contas, o que faz a diferença entre uma foto medíocre e uma interessante é a luz, então pu-la ao lado da porta da sala, sobre um piano, pois a luz que incide através do vidro que decora a porta é bastante suave. Essa suavidade da luz ajudou a criar um efeito tridimensional à foto, evitando que ela ficasse com um aspecto chapado. Entretanto, o fundo ainda era precário, pois a textura da madeira do piano não combinava em nada com a flor, e ainda por cima o verniz refletia luz demais, tirando peso da composição. Percebi que precisava de um fundo neutro, que destacasse somente a rosa, mas como conseguir isso na casa da sogra???

Saí à cata de alguma coisa preta que pudesse cobrir o verniz do piano. Achei uma apostila com a contracapa preta fosca, exatamente o que precisava naquele momento. Posicionei a capa atrás da rosa e cliquei. Resultado: uma merda. A luz, embora suave, não era suficiente para uma exposição feita na mão, sem tripé. Recorri ao meu baratinho - e vagabundo - tripé de câmeras compactas e consegui o apoio necessário. Posicionei minha poderosa Nikon Coolpix 2100 de incrívieis 2 megapixels à frente do assunto, compensei a exposição em 0.7 EV+ para conseguir mais luz nas áreas mais escurecidas e cliquei. Agora sim, tinha um registro decente da rosa. Essa foi a minha foto mais popular no Flickr ( http://www.flickr.com/photos/litewriter/341558914/ ) até ser desbancada pela foto que aparecerá no próximo post. Espero que tenham gostado!