quinta-feira, agosto 31, 2006


PEDRA DE ITAPUCA

Bom, como moro em Nikiti e não tenho muito tempo para ir a outros lugares para fotografar, tenho que me virar na minha cidade mesmo. Às vezes é difícil arrumar novos lugares ou ângulos para fotografar a mesma coisa, mas de tempos em tempos tenho alguns surtos de criatividade.
Há muito que vinha tentando achar alguma oportunidade especial de fotografar a pedra de Itapuca, pois esse era um dos únicos motivos da orla de Icaraí que não havia fotografado ainda. Já havia visto algumas fotos da tal pedra, mas a maioria delas era apenas tirada em um dia ensolarado, comum, não trazendo nada de especial à foto. Decidi que a minha não seria assim, que eu queria que ela tivesse algo de diferente... então cheguei à conclusão: fotografa-la-ia ao anoitecer, em uma exposição longa!
Nesse dia, eu estava apenas com a minha Nikon compacta, que não me oferece grandes recursos para controlar os resultados, mas mesmo assim resolvi experimentar. Como sabia que iria precisar de algum apoio para conseguir realizar a exposição longa com sucesso, pois senão a foto sairia um borrão só, levei meu tripé baratinho para me dar esse apoio tão importante. Escolhi um bom lugar - o coletor de lixo que fica preso ao poste - e posicionei a máquina. Não fiz apenas uma tomada, mas pelo menos umas três; como o resultado depende dos parâmetros que a máquina escolhe, fiz as tomadas usando as diferentes configurações que a câmera oferece, para comparar mais tarde e ver qual ficara melhor. E essa que vocês podem ver foi a que mais gostei, pois foi a que demonstrou o melhor equilíbrio na exposição. Ficar totalmente satisfeito eu não fiquei, pois é visível o quanto as luzes altas do canto direito ficaram estouradas, dada a grande abertura que a burra da máquina escolheu, mas valeu pelo ângulo amplo que a lente oferece, e pelo imediatismo da foto digital.
Agora, um pouquinho de história: diz a lenda que a pedra de Itapuca abriga em seu interior a índia Jurema e seu amor proibido, Cauby. Jurema estava prometida para casar com o guerreiro mais valente de sua tribo, mas o destino fez com que ela se apaixonasse por Cauby. Como toda boa novela mexicana (rsrsrsr), é claro que a tribo dela ficou furiosa e os proibiu de se encontrarem. Jurema cantava e chorava todas as noites em frente à pedra, até que um dia Cauby reapareceu. Os dois se amaram novamente, mas foram descobertos pela tribo dela. Emboscados, foram assassinados. Como Jurema cantava à lua e ao mar, a primeira sentiu pena de seu trágico destino, e pediu à Tupã, deus indígena do trovão, para que os unisse dentro da pedra, para que consolidassem seu amor. Tupã, muito solícito e tocado pelo acontecido, realizou o pedido da lua, e os dois foram transportados para o interior da pedra, onde são um só. Lindo, não? ;-)

terça-feira, agosto 22, 2006


Clichês

Todo mundo com certeza já viu alguma foto de um pôr-do-sol. Ou alguma foto de flores, ou insetos... enfim, em qualquer arte há o clichê. Uma foto torna-se clichê a partir do momento em que o tema que ela retrata é repetido à exaustão, criando um certo desinteresse no observador. Mas, em alguns casos, é muito difícil resistir a um clichezinho.
Eu, por exemplo, sempre tive uma conexão íntima com o mar. Sempre o admirei - e respeitei, e a beleza de um mar azul é inegável. E como mar combina com sol - o regente do meu signo, resistir à tentação de registrar os dois em comunhão é muuuuuuito difícil para mim. Todos sabem que fotos de pôres-do-sol são comuns e batidas, mas convenhamos, as composições variam muito, de horríveis a maravilhosas, então se você se propõe a registrar um tema batido, tente pelo menos criar algum interesse a mais na sua foto. Isso fará com que o clichê fique pelo menos mais atraente.
A foto que publico hoje foi tirada quase que por acidente. Vinha eu do trabalho num fim de tarde escaldante, pensando na vida, quando me deparei com o imponente rei sol a se pôr no horizonte da baía da Guanabara. O céu estava vermelho, e a atmosfera era muito inspiradora, já que muitas pessoas se reúnem nos fins de tarde em frente à baía da Guanabara para ver o lindíssimo pôr-do-sol. Por um acaso eu estava com minha Coolpix na bolsa, e aproveitei para fazer umas fotos. Compus o registro de uma forma que houvesse vários planos, e incluí o elemento humano na foto para criar um interesse maior. Gostei bastante do resultado, embora ele esteja longe da perfeição - se é que isso existe! ;-)

terça-feira, agosto 15, 2006


APROVEITANDO O TEMPO

Hoje foi feriado na cidade onde trabalho, e, como não poderia deixar de ser, aproveitei para sair e tirar umas fotos. Como tenho trabalhado e estudado mais ultimamente, meu tempo para fotografar tem ficado escasso, mas sempre que uma oportunidade como um feriado aparece, aproveito-a o máximo possível.Na foto de hoje tirei proveito das belas cores que o sol proporciona no fim da tarde. Embora estejamos no inverno, um calor intenso tomou conta da cidade, então previ que o fim da tarde teria cores muito vibrantes. Por volta das 17:00h peguei minha mochila, enfiei três máquinas dentro dela e parti para a sessão fotográfica. Saí com duas analógicas e uma digital, para que não perdesse nenhum detalhe. As duas analógicas foram minha Zenit 12XP e a Yashica FXD do meu pai. A primeira carregada com um Kodak BW400CN (filme P&B revelável em minilab) e a segunda com um Agfa Vista 100, colorido. A digital foi minha compacta Nikon Coolpix 2100.Você deve estar se perguntando porque saí com tantas câmeras. Na verdade foi para ter a maior versatilidade possível. Apenas a Zenit eu não usei, pois para o que queria fazer eu precisaria de um tripé alto, coisa que ainda não tenho. E como a intenção era registrar cores, usei a Yashica e a Nikon.O filme da Yashica estava bem no finzinho, então só pude tirar duas fotos. Terminado o rolo, saquei a Nikonzinha e tirei algumas fotos do pôr-do-sol, que exibia cores fantásticas. Os resultados ficaram até bons, mas na verdade a falta de controles manuais na minha compacta me irrita um pouco. Digo isso porque para tirar fotos de paisagens, devemos escolher a menor abertura possível do diafragma, para podermos pôr a maior quantidade de elementos do cenário em foco, e como é a máquina que "escolhe" esse parâmetro automaticamente - no caso de uma compacta, a abertura do diafragma deixa a desejar. Enquanto nas minhas analógicas eu tiro fotos de paisagens em f16 ou f22, a minha pequena desgraçada Nikon faz fotos de paisagem no medíocre f2.8. Quase inacreditável. Isso sem falar que após tirar as fotos, tenho que processá-las no PC, para aumentar contraste, saturação, etc. etc., uma vez que as lentes que vêm nessas compactas são baratas de dar vergonha, e geralmente seu desempenho deixa a desejar.Bom, fora as críticas ao equipamento, a paisagem compensou os problemas técnicos, e eu aproveitei para captar da melhor forma possível as cores que me encantavam naquele momento. Enquadrei da melhor forma que pude, e voilà! Deixei gravado nos meus arquivos o registro daquele quente e colorido crepúsculo vespertino. Agora me resta esperar algum outro bom feriado, de preferência daqueles que são emendados em algum dia útil, para poder me divertir deveras!

quinta-feira, agosto 10, 2006


REFLEXOS

Eles são fáceis de achar, e embora muitas vezes passem despercebidos, podem ser usados para causar efeitos belos e interessantes. É comum reflexos serem coadjuvantes nas composições de fotos, e em alguns casos eles passam a ser até mesmo o assunto principal.
Entretanto, há alguns casos em que o reflexo atrapalha, principalmente quando fotografamos um sujeito que se encontra atrás de uma janela, ou quando tentamos captar uma paisagem através dela. Nesses casos, o uso de um filtro - o polarizador - é indicado, uma vez que a função dele é justamente essa: eliminar reflexos indesejados. O polarizador também causa outros efeitos colaterais, mas estes ficam para um outro tópico.
A foto que publico hoje foi meio que acidental. Estava eu tentando arrumar alguma composição simples, para testar meus conhecimentos de composição, profundidade de campo, etc., quando reparei na garrafa que aparece na foto. Ela é uma licoreira pintada à mão pela minha mãe, e o colorido dela é bastante estético, o que por si só é suficiente para tentar tirar algum proveito fotográfico. Garrafa combina com copos, então decidi juntar minhas tacinhas (elas novamente) ao conjunto, arrumando de alguma forma que ficasse harmonioso. Bom, depois de pôr tudo em cima da mesinha de centro, fui enquadrar a foto, e senti uma enorme dificuldade por um simples motivo: como a minha lente é 58mm, considerada "normal" por causa da perspectiva similar à vista pelo olho humano, o enquadramento ficava muito "apertado" para uma foto em close-up, e ao afastar a câmera do assunto, a composição perdia toda sua força. O que fazer??? Foi aí que eu reparei o quão interessante os reflexos coloridos produzidos pela garrafa eram. Decidi então que o elemento garrafa era secundário, enquanto o que realmente importava eram os reflexos. Reenquadrei o assunto e voilà! Lá estavam os reflexos, registrados.

sexta-feira, agosto 04, 2006


EFEITOS

Antes do advento do Photoshop, efeitos eram aplicados na fotografia usando-se muito a criatividade, e em alguns casos, usando-se filtros específicos. Há uma variedade enorme de possíveis efeitos - alguns de gosto muito duvidoso - que apresentam variados graus de dificuldade de aplicação. Quando bem usados, esses efeitos podem enriquecer a experiência fotográfica, criando atmosferas interessantes, cores bizarras e uma infinidade de outros resultados.
Os mais puristas não são muito a favor de efeitos demasiados, uma vez que eles corrompem a imagem original. Hoje, em dias de Photoshop, algumas fotografias medíocres podem ficar muito interessantes quando bem manipuladas. Mas seria isso o ideal?
Eu particularmente não sou muito adepto do Photoshop e afins. Uso-o apenas para fazer pequenas correções, como contraste, brilho, saturação... mas nada que descaracterize a imagem original. Mesmo que eu quisesse, não conseguiria ir muito além disso, pois é preciso um nível de conhecimento mais elevado para ir mais adiante nas edições. Isso é para os adeptos e aficcionados das câmeras digitais e outros "geeks". Meu negócio é fotografar, não manipular.
Mas, voltando aos efeitos, um dos que gosto de usar dependendo da fotografia é o "artistic blur". Esse efeito gera uma imagem ligeiramente difusa, dando uma atmosfera um tanto quanto onírica à imagem. Esse efeito é muito usado em retratos, mas confesso que na grande maioria das vezes acho os resultados super cafonas. Tipo book da Glamour (nossa... peguei pesado agora...). Não sei exatamente dizer qual critério que uso para escolher que imagem combinaria com que efeito, mas acredito que essa escolha seja muito baseada em tentativa e erro. Não custaria nada, afinal de contas eu teria 50% de chances... rsrsrs.
A foto que posto hoje foi tirada na minha faculdade. Estava eu andando em seus corredores monocromáticos quando me deparei com uma borboleta à janela. Ela se destacava do resto do cenário por ser colorida, e aquele contraste me compeliu a registrá-la. Cheguei de mansinho para não espantá-la, e fotografei-a. O resultado ficou do jeito que esperava. Ao escanear a foto, testei alguns filtros de efeitos só por curiosidade, e gostei bastante do resultado do "artistic blur", pois ele não alterava tanto a foto, e conferia-lhe uma atmosfera atraente. Poderia ter ficado um poço de cafonice. Mas eu gostei. :-)

quarta-feira, agosto 02, 2006



ABSTRAÇÕES: IMPROVISANDO

Uma das coisas mais difíceis em fotografia é conseguir uma imagem que diga alguma coisa, que expresse algum significado. Já dizia Ansel Adams, um dos grandes mestres da fotografia:"Não há nada pior do que uma imagem nítida de um conceito confuso". Ele tem toda a razão. Comumente vejo na internet fotos tiradas com máquinas de úlitma geração, com lentes ultranítidas, que não dizem nada ou não têm o menor senso estético. Essa é uma prova cabal de que a câmera não importa; quem faz belas fotos é o fotógrafo.
Tendo em mente a citação de Ansel Adams, conseguir uma boa fotografia abstrata, que diga alguma coisa, não é tarefa fácil. É deveras fácil encontrar na rede fotografias "ditas" abstratas, mas que na verdade não passam de uma tentativa frustrada de conseguir algum resultado. Você consegue descobrir a diferença entre um trabalho interessante e uma mera exposição sem valor quando você exprime alguma reação ao ver a foto. Várias vezes vi ensaios baseados em fotografias de legumes e frutas cujos resultados eram sublimes. Mas como??? Fácil: tudo depende de como você os registra. A luz, o fundo, a posição, o enquadramento... tudo isso vai influenciar no resultado obtido. E não é necessário nenhum grande aparato técnico, conseguem-se milagres a partir de materiais muito simples.
Essa foto que ponho hoje foi uma tentativa minha de produzir um resultado abstrato interessante. A idéia não foi minha; já havia visto uma foto praticamente idêntica em um site, mas o resultado não foi exatamente o que eu esperava. Tentei repetir a experiência em casa, tomando as providências que a tornassem mais do meu gosto, e consegui a imagem que vocês podem conferir. Originalidade zero, mas o efeito - claro, ao meu ver - foi válido. Para essa tomada eu usei apenas uma folha de papel branca, alguns lápis de cor e rebati o flash na parede, para que ele não expusesse a imagem a uma quantidade de luz demasiada. Colorido, não?

terça-feira, agosto 01, 2006


FOTOGRAFE O INUSITADO

Muitas vezes passamos por excelentes situações fotográficas e não as percebemos, de um modo geral pelo fato de estarmos distraídos, ou simplesmente porque achamos que "aquilo" não daria uma boa foto. Pois é, embora tenhamos essa impressão várias vezes, podemos estar redondamente enganados. De um modo geral, simplesmente ver o sujeito sob um outro ângulo já faz uma diferença enorme, e o que antes parecia desinteressante torna-se absolutamente atraente.
Todos os dias eu passava por esse cachorrinho que espreguiçava-se na janela. Sempre o achei bonitinho, mas o ângulo sob o qual eu o reparava não era interessante, não criaria uma boa foto. Um belo dia, cismei que o fotografaria. Para criar algum interesse a mais, decidi fotografá-lo em um ângulo onde eu criasse uma ilusão de perspectiva no cenário - o que torna a foto mais atraente - e de uma forma que ele me olhasse. Cheguei de fininho e assoviei. Ele virou-se para minha câmera e clique! Lá estava ele registrado, para sempre.
Portanto, observe tudo à sua volta. Uma grande oportunidade fotográfica pode estar debaixo do seu nariz, basta você ter os olhos para isso. Experimente, não se intimide com os erros. Você só fará fotos boas se tentar e errar, para poder acertar na próxima tentativa.